sábado, 12 de maio de 2012

Jovem Criatura

A criatura está bastante distorcida
Músculos rasgados de raiva
Carne fresca, frágeis ossos.

Facilmente se irrita, rasura
Rasga e reescreve a suave melodia,
Persuasiva de vermelhos profundos olhos,
"Vem, vem , fica nesta apatia de cão obediente,
Nunca conseguirás melhor que isto".

Mas a criatura revolta-se
Deixa a lâmina dilacerar entranhas
Sem oferecer resistência
Ignora a sua morte
E segue de cara virada
Para os fantasmas que a assombram.

A questão é que
Ocasionalmente
Ela não consegue fugir
Ao arrepio,
Medo e revolta,
Que lhe escala as costas.

O bicho prescruta cada escuro recanto
Mas nada vê, não há solução que não o tempo.
Pequenas larvas verdes que aceleram sedentas
Pela terra já desbravada por conjuges,
Estes restos desprezados de pesadelos,
Atingem-lhe finalmente os pés.

Ah!
O esperado festim
Tornada agora cego monstro,
Raiva, medo e saudade,
Secam os olhos
Incha a garganta de silenciosos gritos.

Recendimento e revolta necessária para a minha sanidade mental
Tenham lá paciência que isto já me passa.

3 comentários:

  1. Parece-me que vou passar mais vezes por aqui.
    beijos.

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    Respostas
    1. Acho bem, gosto de isentivos de quando em vez. Fui ao teu e também sou capaz de investir uns tempos a ver o que para aí postas, para descobrir umas coisas interessantes : ) .
      Abraço.

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  2. Há um duelo constante entre anjos e demônios dentro de nós, um combate de feras indomáveis que nos fazem sofrer e viver.
    Tudo muito forte em tua escrita, ainda mais traduzido em versos.
    Abraço

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Como qualquer um vou lutando, maioritariamente comigo mesma.

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